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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aventuras e desventuras de Jacó – I A luta pelo útero materno

Por Marcos Monteiro

Gn 25, 24-26


“Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no seu ventre. Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso lhe chamaram Esaú.
Depois nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz”



Os textos que formaram a nação de Israel formaram também a nossa consciência ocidental. E as narrativas sobre Jacó são essenciais, porque Jacó é Israel.


Ou seja se a personagem Jacó tem o nome da nação, Israel, Jacó é Israel e Israel é Jacó.


Qual a marca das aventuras e desventuras de Jacó nesses contos populares, passados de boca e boca e tornados sagrados?


Jacó é aquele sem espaço e sem direito que, desde o útero materno luta por direitos e por espaços. Jacó torna-se tipo e exemplo de todos os destituídos. De todos que precisam de lutar para viver.


Suas armas nem sempre parecem éticas, ou tem outro tipo de ética, a ética do nômade, do peregrino que não possui a terra e não tem a força, nem das armas nem da lei.


Precisa usar todas as suas armas, as únicas que sobraram, força dos sem direito e sem terra, astúcias de lutador, táticas que enfrentam as estratégias dos donos do poder.


No útero materno Jacó já briga por espaço. Útero é lugar onde a vida é formada e esse útero é apertado demais para dois. O irmão, Esaú, dispõe do útero como se fosse somente seu. Direitos de primeiro irmão, mesmo que a diferença de tempo seja tão pequena.


É preciso questionar o direito do mais forte e Jacó não solta o calcanhar de Esaú, astúcia de serpente.


A serpente é animal ambíguo. Símbolo do mal, mas símbolo da sabedoria. A ambigüidade é arma dos menores.


Jacó vai lutar por direitos, do útero até o fim da vida, com as únicas armas que possui. O calcanhar é o ponto fraco do mais forte. Descobrir o calcanhar dos poderosos será a luta de uma pessoa e de um povo.


Por fim, Jacó vai se apropriar da amizade de Javé, o Deus todo-poderoso, cujo calcanhar é a misericórdia, atração irresistível pelos sem direitos.


No livro de Gênesis, acompanharemos as aventuras e desventuras de Jacó, Israel, na luta pelo direito de ser e de viver.

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