Na leitura de (Ez 34, 11-12.15-17) escutamos da boca do profeta Ezequiel uma mensagem bastante consoladora. Ele fala de Deus como um pastor, que envolve em preciosos cuidados cada ovelha individualmente. É um pastor que procura a ovelha que se perde, enfaixa a que está ferida, traz de volta a que se desgarrou, fortalece a que está doente. Não esquece nem das que estão gordas e sadias: fica de olho para que essas também não se percam. O profeta oferece, portanto, uma visão relacionada a Deus como aquele que dá proteção total, sem exclusão alguma!
É tudo o que queremos neste mundo inseguro e violento. Vem ao encontro daquilo que eu escutei alguns dias atrás de um professor universitário ao afirmar em sua palestra sobre o cientista Darwin a respeito da teoria sobre a evolução. Disse ele que diante da seleção natural em que prevalece a lei do mais forte, a dificuldade maior consiste em descobrir como ser feliz numa sociedade tão sofrida.
Nosso povo mais desamparado tem muita confiança na proteção de Deus, até porque não tem outra segurança. Já que são sempre os mais pobres que sofrem as piores conseqüências das crises que estão aí - a econômica, a social, a ecológica, a ética e tantas outras. Somente a fé consegue sustentar essa gente na sua vida de miséria, de dor e de abandono. Isso explica provavelmente o sucesso dos pastores evangélicos, especialmente nas igrejas pentecostais com toda a sua esperteza, prometendo saúde, emprego... e as vezes até sorte na mega-sena disputada nas lotéricas!
No entanto, uma fé esclarecida - e tomara que ela exista um pouquinho mais em nosso seio católico - não permite que deixemos tudo por conta de Deus.
Somos convidados a colaborar com Ele no cuidado com os membros mais fracos do rebanho. É nesse sentido que o próprio Jesus, no Evangelho (Mt 25, 31-46), nos questiona a respeito da maneira de tratar o semelhante, especialmente aquele que se encontra em estado de necessidade específica.
O que Deus deseja é que sejamos capazes de vestir os nus, saciar os sedentos e famintos, visitar os doentes e prisioneiros, abrigar os sem-teto. No tempo em que o seu Filho estava aqui na terra, a principal e talvez a única maneira de fazer isso era através de gestos individuais de caridade e de esmola.
Hoje esses gestos ainda são indispensáveis. Porém, nós temos agora uma outra organização social e, por isso, podemos colaborar com grupos organizados e entidades especializados que se colocam a serviço dos irmãos desfavorecidos e sofridos. Quero ilustrar com alguns exemplos:
- Visitar doentes acontece na comunidade através da Pastoral dos Enfermos e uma verdadeira Pastoral da Saúde pode exigir das autoridades que se investa em hospitais melhores e em mais postos de atendimento.
- Abrigar quem não tem casa ou quem é obrigado a se esconder na favela não significa contentar-se com a doação de uma cesta básica por ocasião da festa de Natal, mas é fazer com que a política se empenhe em criar mais empregos e que os sindicatos lutem por salários justos a fim de que as pessoas possam morar de maneira digna.
- Dar comida a quem tem fome inclui a criação de escolas profissionalizantes para que operários e operárias qualificados estejam em condições de garantir seu próprio pão.
Quem ama o ser humano ama também a Deus e não é possível amar a Deus sem também amar o próximo. Qualquer tipo de religiosidade que não conduza ao amor fraterno, é falsa e não tem nada a ver com o cristianismo. Os adeptos da crença Espírita me desculpem, mas ainda é necessário acrescentar que esse amor, sob a ótica da Doutrina Social da Igreja, deve estar em sintonia com as exigências da Justiça e expressar-se em Promoção Humana para não ficar preso a um assistencialismo que mais acomoda do que transforma! JESUS NÃO APENAS SOCORREU OS OPRIMIDOS MAS TAMBÉM LIBERTOU DA OPRESSÃO, PROCURANDO ATINGIR O PECADO NA RAÍZ!
Jesus é Rei de nossa vida quando estamos a serviço do seu programa de governo, do projeto do Reino de Deus. O evangelho de hoje indica formas bem concretas de valorizar a realeza de Cristo.
Peçamos então a graça de compreendermos melhor que juntos somos convidados a colaborar com Deus para tornar mais visível essa realeza.
A Jesus Cristo, Rei dos Séculos, Imortal e Invisível, Honra e Glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Pe. Francisco Vannerom
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