Por Levi Gabriel
O século dois D.C. foi marcado pelo combate da igreja em relação às heresias que se espalhavam pelo mundo. Dentre estas heresias, as que mais se destacaram ameaçando a integridade do Evangelho foram: o gnosticismo, (que estava circulando através de textos assinados por falsos apóstolos), o montanismo, (que pregava a ideia de que a revelação ainda não estava completa. Deus ainda estaria transmitindo sua revelação ao homem), e a heresia ensinada por Marcião, (este dizia que nenhum escrito era inspirado por Deus).
O século dois D.C. foi marcado pelo combate da igreja em relação às heresias que se espalhavam pelo mundo. Dentre estas heresias, as que mais se destacaram ameaçando a integridade do Evangelho foram: o gnosticismo, (que estava circulando através de textos assinados por falsos apóstolos), o montanismo, (que pregava a ideia de que a revelação ainda não estava completa. Deus ainda estaria transmitindo sua revelação ao homem), e a heresia ensinada por Marcião, (este dizia que nenhum escrito era inspirado por Deus).
Foi diante deste conflito que os chamados pais da igreja foram tomando decisões a fim de garantir a veracidade da fé, mantendo a sã doutrina. Isto foi possível pelo fato das igrejas locais manterem uma unidade mais concreta, preocupando-se umas com as outras.
A primeira destas decisões foi discernir a semelhança do
que havia sido feito pelos judeus em relação ao Antigo Testamento, quais
escritos dentre os que circulavam naquele tempo, eram inspirados por Deus.
Assim utilizavam um critério relacionado ao aspecto
externo (se o texto havia sido escrito por um apóstolo ou por alguém que havia
estado com estes) e interno (a coerência com o restante das Escrituras, ou
seja, a busca por uma harmonia com os outros livros).
Com este procedimento é possível perceber que diferente
do conceito católico romano, a atribuição dos livros inspirados é um
reconhecimento e não uma imposição feita pela igreja.
Este acontecimento que repercute até hoje contribuiu
pontualmente para a saúde da igreja em seu compromisso com o verdadeiro
evangelho.
Outra decisão feita pela igreja no combate às heresias
foi à elaboração de credos, como por exemplo, o de Pedro: “Tu és o Cristo, o
filho do Deus Vivo”.
O famoso Credo dos Apóstolos utilizado no primeiro século
como uma confissão de fé para o batismo e que teve acréscimos durante o passar
dos primeiros séculos é outro exemplo desta tentativa de perpetuar o que os
cristãos consideravam inegociável na fé.
Esta decisão evidentemente possuía um aspecto positivo e
que deveria ser imitado pela igreja atual, manter a unidade em relação àquilo
que é essencial no Evangelho. A declaração de autor desconhecido: “No essencial unidade, nas opiniões
liberdade, em tudo o amor”, deveria permear o relacionamento dos cristãos
pós-modernos.
O que se vê hoje em dia são pessoas incorrendo nos
extremos. Ou buscam ter unidade em detrimento da verdade ou se dividem por
causa de opiniões.
Todavia,
se por um lado esta ideia do Credo possui um aspecto positivo, de outro ela
incorre no perigo de ceder ao conceito cientifico modernista.
Devido
a mentalidade cartesiana a igreja transformou a fé em conceito. Neste sentido
pode-se ter pessoas que fazem afirmações corretas, sem, contudo terem um
encontro genuíno com o Cristo Ressurreto. Pois o cristianismo é uma pessoa com
quem o cristão é chamado a se relacionar.
Tanto
que a confissão de fé ou o credo de um judeu era diferente daqueles
estabelecidos pela igreja ocidental. Em Deuteronômio capítulo vinte e seis é
narrado uma declaração que resgata a história de um sujeito com Deus. Isto,
porque os judeus são especialistas em contar histórias, passando a tradição às
gerações futuras através de narrativas.
Assim, embora a igreja deva estabelecer o
essencial da fé ela não pode limitar o cristianismo a dogmas e conceitos.
Por
fim, a Igreja em sua luta pela defesa do Evangelho seguia as decisões de homens
sábios que buscavam analisar todas estas questões mencionadas anteriormente.
Desde
a gênese da igreja houveram presbíteros encarregados de cuidar do ensino da
Palavra, e o faziam através de um consenso nas decisões.
O
grande problema nisto é que na busca por uma eficiência e rapidez nas decisões
eclesiásticas foi sendo consolidada, (principalmente na igreja romana) a ideia
de uma centralização de poder. E assim nasceu e se perpetuou o conceito do
papado.
Embora
a Igreja evangélica não possua papa, ela não escapa desta tentação do poder,
especialmente pelo fato dela estar inserida em uma sociedade onde a lógica
empresarial é impregnada.
Resultados
rápidos são exigidos, a competitividade se encontra presente até mesmo entre as
denominações. E assim, na ânsia do crescimento alguns vão optando por um modelo
menos consensual e mais centralizador de liderança.
Neste
sentido, é sempre bom buscar o equilíbrio não caindo nesta tentação do papado,
mas tampouco em uma liderança extremamente burocrática em que se exigem
reuniões intermináveis para tomar decisões das mais insignificantes, como que
tipo de cor se pintará as paredes da instituição e outras coisas deste tipo.
Em
suma, a igreja atual deve a semelhança dos primeiros cristãos estabelecer
critérios para preservar o verdadeiro evangelho, especialmente em dias onde
muitos falsos evangelhos têm sido pregados.
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