Por Levi Gabriel
Texto: Mateus 16:13-27
Introdução:
Estamos presenciando um momento
histórico muito complexo. Este período marcado pelo pluralismo tem trazido desafios
para a Igreja.
Tudo é questionado, nada é
colocado como digno de modelo, como paradigma. O fato é que só existe um
absoluto em nossa sociedade, a de que não existe absoluto, nem verdade.
Isto tem gerado muita confusão
entre cristãos, no que diz respeito à maneira de se portar enquanto Igreja do
Senhor. Alguns se prendem ao fundamentalismo religioso e modelos apologéticos
que eram mais eficientes na chamada Modernidade. Por outro lado vemos os
liberais com um discurso em nome da democracia e da liberdade abrindo mão
muitas vezes de princípios que estão claros nas Escrituras.
Elucidação:
Parece que muito da nossa
confusão se dá pelo fato de darmos ouvidos a correntes filosóficas e não a
Palavra, perdendo assim a consciência do que é “ser igreja”. Apegamo-nos a
alguns pontos ao invés de enxergarmos tudo àquilo que é e deve ser comum a
Igreja.
Este texto trata da primeira
menção a palavra Igreja na Bíblia e nos fala de alguns atributos vitais a ela
em sua vivencia.
Tema: Sete Atributos Que a Igreja Deve Ter!
No primeiro verso do texto
podemos pensar em duas situações que são comuns no ministério de Jesus e também
na Igreja Primitiva:
1.
A Igreja é
Dinâmica; (13)
O texto diz que
eles estavam chegando a Cesáreia, Marcos usa a expressão estavam se
aproximando. Estavam caminhando, estavam em movimento.
1)
Esta
descrição nos remete como eu disse a algo peculiar no ministério de Jesus e na
vida da Igreja, o povo do Caminho.
2)
A
igreja não é uma organização, mas sim um organismo. Ela não é algo estático,
mas um processo.
3)
As
figuras do NT para a Igreja nos mostram isto:
§ Corpo que não
alcançou a plenitude, prédio em construção, noiva que não se casou família que
não está completa.
§ Ilustração dos
hebreus nas tendas.
4) Isto implica pelo menos em duas coisas:
I.
Primeiro
que a forma muda, mas o conteúdo não. Precisamos discernir nosso contexto
social para dialogar com ele. Foi um dos grandes embates de Paulo com os
cristãos judeus, levar o vinho e não o odre aos gentios.
II.
Assumir
a responsabilidade do ser Igreja em qualquer lugar!
§ O que nos leva
ao segundo atributo da Igreja:
2.
A Igreja é Para
Fora; (13, 18)
É curioso o fato desta conversa acontecer em direção
à região mais pagã de Israel: Cesaréia Filipal.
Herodes Filipe dedicou esta cidade ao imperador
César, aquela região era extremamente idólatra, mas é pra lá que Jesus vai com
os discípulos.
I.
A
Igreja encontra seu significado real do lado de fora das quatro paredes.
II.
Jesus
ensinou muito pouco no templo. Em Marcos ele aparece apenas três vezes.
III.
As
figuras usadas por Jesus nos fala sobre isto: Sal, Luz e Ovelhas entre lobos.
IV.
Quando
a Igreja padece por coisas insignificantes é sinal que ela está pouco
comprometida com o lado de fora.
Agora precisamos
compreender como estar do lado de fora:
3.
A Igreja é a
Comunidade do Confronto; (14)
A resposta dos discípulos sobre como Jesus era visto
pelo povo revela algo importante sobre nossa mensagem e posicionamento.
Ele foi comparado com profetas de confronto:
Jeremias, Elias e João Batista.
§ A mensagem de
Jesus ia na contramão da filosofia secular: “arrependei-vos”,
“mudem vossa mente”.
§ Nossa mensagem
possui um lado de confronto: denunciar o erro, apontar a ferida.
§ Paulo usa três
expressões diferentes quando encoraja Timóteo e a igreja na pregação do
Evangelho:
I.
E
a primeira expressão “repreende” no grego trás a ideia de mostrar o erro, expor
mostrar culpado.
II.
O
sal mencionado tem esta ideia negativa: de evitar a deterioração da carne. O
sal quando esfregado arde.
III.
Você
só busca remédio quando foi constatado que está doente.
Agora é evidente que a pregação não se restringe a
isto, ela possui uma segunda característica, que é nosso quarto atributo:
4.
A Igreja é a
Comunidade da Confissão; (15-16)
Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o filho do Deus
vivo”.
Ele estava dizendo que Jesus era Deus, era o
Redentor, que ele era o Absoluto.
§ Se por um lado
mostramos a enfermidade (pecado), por outro mostramos o remédio: Jesus Cristo!
§ Este é o único
capaz de redimir o homem. Ele é o único capaz de nortear vidas, sociedades
promovendo vida.
§ E nós somos o
povo que deve confessá-lo dia após dia perante a sociedade. Nós sabemos a
resposta para os problemas, temos a base sobre onde se deva construir a vida.
Essa confissão,
no entanto não deve ser uma mera exposição teórica. Não podemos incorrer no
erro da Igreja Moderna que sem perceber reduziu o Evangelho apenas ao que pode
ser conhecido cientificamente.
Evangelho é uma
pessoa, e só podemos conhecê-la se o Pai nos revelar:
5.
A Igreja é a
Comunidade da Revelação; (17)
A Igreja é formada por pessoas que tiveram esta
revelação do Pai. Que tiveram suas mentes iluminadas pelo Espírito Santo de
Deus.
§ Pessoas que se
relacionam com Jesus. Mateus 7:23 “nunca
os conheci”.
§ A palavra
implica em conhecimento adquirido pela experiência de uma relação.
§ Esta Igreja não
lança informações sobre Cristo apenas com a pretensão de que as pessoas estejam
ajustando mecanicamente suas vidas a Ele, ela trás os indivíduos para um
relacionamento, para uma caminhada, pois evangelizar é discipular, andar junto.
§ E nesta
caminhada as pessoas vão assimilando, vão sendo transformadas, pois vão
visualizar Jesus em nós!
§ E as pessoas vão
apreendendo dentro do seu próprio tempo, é antipedagógico avaliar pessoas de
maneira igual.
É a partir desta
revelação sobre a pessoa Cristo que recebemos o sexto atributo:
6.
A Igreja é a Comunidade
da Autoridade; (18-19)
Veja que é a partir da revelação de Pedro que Jesus
disse que edificaria sua igreja e concede autoridade a ela:
I.
Sobre
o inferno. Ela é quem avança, ela é quem ataca.
II.
Recebemos
também autoridade para ligar e desligar:
a.
Comunidade
da Reconciliação.
i.
Veja
que este é o primeiro propósito da Igreja, é sua prioridade.
b.
Comunidade
da Disciplina;
i.
A
Igreja é agente de disciplina para os cínicos.
ii.
Isto
deve também fazer parte da vida da Igreja, a fim de estabelecer limites, promover
santidade.
7.
A Igreja é a
Comunidade da Entrega; (20-27)
A
Igreja por fim é a Comunidade que assume a cruz, a vida no altar, a vida de
sacrifício.
Isto é o que Jesus afirma no verso 24:
Seguir
seu projeto de vida; Renúncia; Tomar a cruz;
Não
é possível segui-lo conservando nosso ego. Pedro não compreendeu que a cruz era
imprescindível. Que sem sofrimento não há glória.
§ Somos
a Comunidade que descobriu o motivo pelo qual morrer para poder viver.
“Se um
homem não descobriu algo por que morrer, ele não está preparado para viver.” (Martin Luther King)
§ Somos
a Comunidade que sofre pelos pecados do mundo.
“Ovelhas destinadas ao matadouro”.
Levar sobre si o pecado do mundo.
Dietrich
Bonhöffer afirma: "A igreja só é igreja quando existe para os
outros".
Conclusão:
Vimos
que a Igreja possui características que lhe são inerentes. Ela é dinâmica, ela
é para fora, ela é a comunidade do confronto ao mal, a comunidade da confissão,
da Revelação, da autoridade e da entrega.
No
entanto te digo que vale a pena se engajar no Reino de Deus, na causa de Cristo.
Vale a pena perder a vida para ganha-la de fato. Vale a pena colocar os olhos e
ansiar pela pátria celestial, que o que vale a pena não são bens, posições,
fama, mas sim ser achado fiel por Deus.
Porque
o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a
cada um segundo as suas obras.
(Mateus 16:27)
(Mateus 16:27)
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