Reconhecemos que a opção ideológica não é o forte dos nossos
concidadãos, presos a uma antiga e enraizada tradição clientelista. O protestantismo
brasileiro, nas últimas décadas (salvo crescentes exceções), tem apresentado três
manifestações políticas principais: 1. A alienação sistemática: ‘crente não se
mete em política; política não é coisa para crente”; 2. O adesismo sistemático:
Hay gobierno? Estou sempre com ele, não importa qual for. 3. Neo-franciscanismo
pragmático: é dando que se recebe.
O pastor ideal, por sua vez, deve encarnar o modelo múmia misteriosa:
não fala nada, e ninguém sabe se ele é pró-nazista ou pró-trotskista. Em suas
manifestações deverá seguir os princípios do velho PSD mineiro: “nem contra,
nem a favor, antes pelo contrário e acima de tudo”.
Aqui e acolá ouvimos propostas estapafúrdias, do tipo: nem
direita, nem esquerda. Cristo é a solução. O que significa querer misturar
pepinos com banana prata, proposta religiosa com programa de governo. Ora o
cristianismo é uma fé, uma doutrina e uma ética, que inspira as nossas ações
políticas e nos dá critérios: os valores do Reino. Em outro nível se dá a
elaboração de teorias analíticas ou de alternativas da melhor gerencia da coisa
pública. Devemos nos precaver das tentações teocráticas: o governo de um
Aitollah protestante, que dividiria o bolo do Estado entre nós.
Todos os cristãos, como cidadãos, quer queiram quer não,
quer estejam conscientes ou não, quer sejam consequentes ou não, estão situados
em algum ponto do espectro ideológico, da extrema direita à extrema esquerda. É
só responder a um questionário sobre as principais questões sócio-politico-econômicas.
..
É importante estudar a evolução que os termos direita,
esquerda e centro tem tido, desde as suas origens na Assembléia Nacional
francesa, após a deposição de Luis XVI, até nossos dias. Como, por exemplo, o
liberalismo começou sendo considerado de esquerda e hoje, dependendo do país, é
tido como de centro ou de direita. Termos como socialismo, fascismo,
social-democrácia, comunismo, democracia-cristã, anarquismo, etc., têm uma
história (inclusive de intercâmbio com o cristianismo), um conteúdo e um
ideário em permanente mutação diante de novos desafios e peculiaridades locais.
Questões como eficiência e eficácia, por exemplo, já os subdivide em modernos e
arcaicos, para alguns analistas.
Todos os estados do mundo procuram se organizar a partir de
um deles ou da combinação de alguns.
As alternativas ideológicas – com a defesa de maior ou menor
grau e intensidade da manutenção ou da mudança de uma ordem social dada – dizem
respeito, principalmente, à distribuição do poder, da renda e da propriedade
entre os integrantes da Sociedade Política e da Sociedade Civil.
Estudar o cardápio ideológico-partidário e optar por um dos
seus pratos (suculentos, leves, condimentados e , ou, nutritivos) é um sinal de
maturidade cristã e da busca concreta do exercício de uma cidadania
responsável.
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