"Um dos maiores erros que a igreja pode cometer é fechar-se em si mesma. Chamemos a isto de guetoísmo. Pregamos para nós mesmos e cantamos para nós mesmos. Não nos preocupamos sequer em usar uma linguaguem que seja mais compreensível para aqueles que não frequentam nossos guetos. Consideramo-nos melhores que os outros, melhores que os perdidos, sem perceber que só não somos perdidos por termos sido alcançados pela graça e, consequentemente, termos sido vocacionados, em Cristo, para viver em amor e serviço pelos perdidos."
Mas por que me denomino um “quase ex”?
Faço isso porque de vez em quando me traio. O fundamentalismo é uma lógica com a qual enxergamos a vida, submetendo a Bíblia à fé de nossa denominação – e não o contrário. Por isso, vez em quando, a gente recai pela força do hábito e do paradigma.
Estamos no início de um processo longo, o qual busca fazer a fé voltar àquilo que sempre foi: elemento de transformação e não de estagnação. Em muitos países, pessoas se levantam para protestar contra a atual fé acomodada e fatalista que o mundo evangélico vivencia. Há, no mundo inteiro, um clamor por uma relação mais inspiradora com Deus e com a vida. Mas, ainda que nossa geração não contemple o resultado completo deste processo, vale à pena plantar, no meio das pedras, para que a próxima geração tenha contato com uma vivência e prática do Evangelho, que seja mais próxima ao coração de Deus.
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente."
Eu sigo agora no “protestantismo de resistência”. Digo de resistência, porque não abro mão de ser protestante. Os ideais da reforma são nobres e belos. Sua prática é que se perdeu no tempo. Não abro mão dos fundamentos Bíblicos, apenas do fundamentalismo que despersonaliza o ser humano e faz com que a doutrina pareça ser maior que a Bíblia.
Assim, sigo com o legítimo desejo que tem norteado toda a minha vida eclesial: edificar meu povo para que sejamos mais parecidos com Jesus em caráter e em sua maneira de servir a Deus e de amar o próximo. Anelo por mostrar ao mundo que Jesus é a resposta de Deus para a crise humana. Desejo que meu rebanho tenha um contato direto com Deus e não com o dogmatismo religioso. Também desejo, mais do que nunca, amigos verdadeiros e sinceros e não religiosos que agem por conveniência.
A lógica imutável do fundamentalismo é a dominação.
Ela nos leva a crer que a doutrina por nós abraçada, seja ela qual for, é o supra-sumo de todas as outras.
Nenhuma teologia é final ou está completa.
· Nenhuma teologia contém toda a verdade de Deus.
· Nenhuma teologia está isenta de contradições.
* Concluí que a verdade é autônoma. Não a possuímos. Ela é que nos possui. A verdade não é um conceito. É uma pessoa – Jesus.
* Aprendi, finalmente, que Deus é infinitamente maior que qualquer teologia. Ele não cabe em caixas.
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