Eu me lembro das palavras de um grande pianista: ‘Se eu não fizer meus exercícios um dia, eu os escutarei no dia seguinte. Se eu não os fizer por dois dias, minha esposa os escutará. Se continuar por três dias, meus melhores amigos irão perceber. Após quatro dias, o público irá perceber.’
Então há aquela encantadora história de Hokusai, o grande pintor Japonês e autor de xilogravuras em meados de 1800. Certa vez alguém pediu por uma pintura de um galo. Ele disse, ‘Tudo bem, volte em uma semana.‘ Quando o homem veio, Hosukai pediu por um adiamento: mais duas semanas. Então novamente, dois meses; então metade de um ano. Após três anos o homem estava tão nervoso que se recusou a esperar mais. Então Hosukai disse que o homem o teria lá mesmo. Ele pegou seu pincel e papel e desenhou um magnífico galo em pouco tempo. O homem estava furioso. ‘Porque você me fez esperar por anos se o podia ter feito em tão pouco tempo?’ - ‘Você não entende,’ disse Hosukai. ‘Venha comigo.’ E então levou o homem ao seu estúdio e mostrou a ele as paredes cobertas com desenhos de galos que ele havia feito durante os últimos três anos. Daquilo veio a maestria. É claro que esta história não significa que podemos deixar as pessoas esperando e que não podemos cumprir nossas promessas.
A lição é que até mesmo a improvisação e as assim chamadas conquistas espontâneas são apenas o resultado do trabalho duro. Nenhum artista jamais poderá chegar ao topo se ele não começar seu dia com ensaios, um pintor pintando por algumas horas, um músico praticando, qualquer pessoa estudando. O gênio não é suficiente.
(Hans Rookmaaker. A Arte Não Precisa de Justificativa)
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