Uma das principais diferenças entre as teologias alexandrina e antioquena girava em torno da hermenêutica (interpretação bíblica). O padrão alexandrino foi estabelecido nos tempos de Cristo por Filo, o teólogo e estudioso bíblico judaico, que acreditava que as referências literais e históricas das Escrituras hebraicas tinham pouca importância. Procurou descobrir e explicar o significado alegórico ou espiritual das narrativas bíblicas. Em outras palavras, muitos trechos da bíblia hebraica pareciam tratar de uma coisa, mas para Filo, tratavam de outra. Como tentava integrar a religião hebraica com a filosofia grega (especialmente a platônica), Filo não podia interpretar conforme à letra boa parte do que lia nos Profetas. Acreditava que, mediante a interpretação alegórica, poderia demonstrar a união subjacente entre o pensamento ético e filosófico grego e a religião hebraica...
Antioquia destacou-se por ter um método hermenêutico mais literal e histórico. Naturalmente, os teólogos e estudiosos bíblicos da Antioquia também reconheciam na alegoria uma maneira legítima de comunicar a verdade, mas procuraram não buscar significados espirituais, alegando que as histórias bíblicas não eram alegorias, a não ser quando havia um bom motivo para sê-lo. Um exemplo notável desse método hermenêutico antioqueno é o grande estudioso Teodoro de Mopsuéstia, que foi o principal comentarista bíblico e teólogo de Antioquia. Teodoro escreveu muitos comentários sobre as Escrituras e sempre evitou a interpretação alegórica, exceto quando evidências claras no próprio texto o dirigissem a ela.
(Roger Olson. História da Teologia Cristã)
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