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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Princípio Encarnacionista

Para Jesus era necessário falar no código de linguagem compreensível por seus contemporâneos, ou seja: em que língua eles o entendiam: em vez de expressar-se em hebraico, optou pelo aramaico, pela língua do povão. Em outras palavras: precisamos nos encarnar, não nos promiscuir. Jesus tem que habitar nosso coração não somente pela fé; ele tem que ser cristificado nas várias dimensões de nossa vida.
Um fato que melhor exemplifica essa situação foi o que aconteceu com Dietrich Bonhoeffer em 1931, quando convidado para trabalhar pastoralmente com jovens do subúrbio de Berlim. Ele tinha o compromisso de levar 60 jovens a fazerem confissão de fé. Tentou, pregou, insistiu, sem obter nenhum resultado. De repente lembrou-se do princípio da encarnação.
Resolveu identificar-se com os jovens e sua classe social. Eles moravam num gueto e habitavam a mesma região de solidão social, ao contrário de Bonhoeffer, que morava num bairro bom de Berlim, numa casa de relativo conforto.
Ele decidiu, então, mudar do bairro de classe alta em que vivia para o mesmo gueto dos jovens. Após seis meses, visitando suas casas, compreendendo seus problemas e revoltas e vivenciando o cotidiano de suas famílias, ele levou os 60 jovens - dizem os historiadores - a professarem fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.


(Caio Fábio. A Igreja Que Transforma, p. 54. Sepal II Ed. 1998)


O método dos métodos para levar as pessoas a Cristo é a perspectiva encarnacionista. A encarnação é o método que Deus realizou em Jesus Cristo. A igreja de Jesus Cristo em nosso país não tem levado mais pessoas ao Senhor porque somos uma subcultura dentro dessa cultura - não encarnamos Cristo na realidade brasileira. Somos comunidade divorciada do resto da vida. E ainda utilizamos exemplos medievais: quando dizemos que se conhece um crente pelo modo como ele anda na rua, pelo modo como se veste, por sua autoridade, etc. Com o próprio Jesus de Nazaré foi muito diferente.
Quando quiseram trai-lo tiveram que criar uma senha - o beijo de Judas - porque ele não era óbvio; estava misturado no meio dos seus contemporâneos.


(Caio Fábio. A Igreja Que Transforma, p. 56. Sepal II Ed. 1998)

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