Atualmente, comparando com outras igrejas de outras eras, as estatísticas do crescimento dessa igreja não eram de todo más. Porém, depois de algum tempo, alguns planejadores estratégicos vieram e disseram: “gente, esse jeito anárquico de levar a coisa é estúpido. Nunca ganharemos o mundo para Cristo dessa maneira. Pessoas estão nascendo mais rapidamente do que estamos capacitados para convertê-las (o batismo infantil ainda não havia sido inventado); nunca conseguiremos. Temos que começar a pensar grande e deixar de ser tão ardilosos sobre usar um pouco de organização e poder. Precisamos operar com força. O que realmente precisamos fazer é ir para a Arquia – ir para o Grande. Deus quer que sua igreja cresça. E pensem em quanto bem podemos fazer, ao usar o poder das arquias ao invés de fugir dele!” E, adivinhe, isso funcionou! Ele foram até o imperador e o pegaram – e ele trouxe toda a Grande Arquia juntamente com ele. O cristianismo foi proclamado a religião oficial do Império Romano – e o mundo foi ganho para Cristo. Você sabe, temos que sorrir para a Velha Anarquia, pensando que três mil em um dia foi uma bela coisa. Eu não sei quanto tempo demorou para ter a passagem gravada, mas sei que os computadores do Vaticano travaram ao tentar mover nomes da coluna dos PAGÃOS para a coluna dos CRISTÃOS – até que alguém se deu conta de que seria mais fácil mudar os cabeçalhos.
Em uma só tacada tínhamos agora todo um império de cristãos; finalmente em uma posição para fazer um bem real para a humanidade e trazer a verdadeira sociedade justa. Que tal a revolução! A igreja louvava a Deus de quem todas as bênçãos fluíam... e o império puxava tudo. O império havia encontrado o Senhor e se tornou “cristão” sem ter que fazer nenhuma mudança; o cristianismo havia feito toda a mudança. De fato, a conversão poderia ser provavelmente qualificada como uma “justificação forense”: tudo o que ela precisou foi uma palavra de Deus (ou no mínimo de seus representantes oficiais) e agora tínhamos “o SACRO Império Romano”. De muito bom gosto, não acha?
Mas apenas observe o que realmente aconteceu nessa revolução cristã do império. A igreja se tornou a Maior Arquia de Todas, tomando para si de maneira graciosa todo o mal que o império já representou. Ela sacrificou todo o entendimento e apreciação da anarquia dada por Deus em seu afã de fazer o mundo bom e fazer o bem para o mundo. A igreja perdeu a beleza anárquica das igrejas caseiras feitas de seres humanos, para construir catedrais de políticos (lembrem que catedral significa trono de um bispo). Ela perdeu a recusa anarquista ao serviço militar para montar exércitos que carregavam o símbolo da cruz e sob este, conquistavam. Perdeu o Jesus anarquista, cujo reino não era desse mundo, para pintar para si um ícone que precisava de uma explicação antes que se pudesse dizer se era um retrato de Cristo ou do imperador (uma confusão triste, muito triste). Ela perdeu sua “santidade” ao conceder tal título ao império. A troca da anarquia pela arquia cristã foi o defloramento da igreja.
Então, o meu grande medo acerca da revolução cristã de hoje, fora transformar e salvar o mundo para Deus, não é que ela falhe, mas que dê certo. Para mim e para minha casa, me dê anarquia ou deixe-me rir por último – o que pode vir a ser a mesma coisa.
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