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sábado, 10 de dezembro de 2016

A Crítica Transcendental de Dooyeweerd

 A filosofia de Dooyeweerd é complicada, extremamente complexa, em parte porque ela rompe de forma tão drástica com tanto da tradição filosófica que a precedeu.
A tese fundamental da filosofia de Dooyeweerd é que todo pensamento filosófico é dependente de uma motivação que é, em última instância, religiosa. Um posição neutra, do ponto de vista religioso, é uma utopia. Existe uma posição pística (de pistis) subliminar em todo pensamento teórico, uma convicção religiosa, uma confiança, uma fé que é depositada em alguém ou em algo, em Deus, no ser humano, na ciência, na natureza, etc.
A filosofia é, portanto, uma atividade pessoal, subjetiva e existencial que é, por isso mesmo, inseparável do próprio filósofo, assim como a produção científica não pode nem deve ser separada do cientista, nem a teologia ou exegese do teólogo, nem a arte do artista. A uma ligação indissolúvel entre criador e criação, e isso é verdade de Deus bem como das criações humanas.
O que distingue Dooyeweerd dos existencialistas, também herdeiros de Husserl, é sua plena confiança no Criador como alguém que deu à sua criação uma estrutura ordenada objetiva. Os existencialistas não creem, em geral, em uma estrutura ordenada e objetiva no mundo além daquelas desenvolvidas pelo próprio ser humano.
Em Dooyeweerd, a diversidade cósmica só pode ser transcendida, como no caso de todos os fenomenologistas e existencialistas, no centro da experiência e da existência humana. Logo, o ponto inicial do pensamento teórico é o eu subjetivo. Mas contra Descartes, Dooyeweerd não busca o ponto inicial, o ponto arquimedeano, no próprio pensamento teórico. Este seria, segundo Dooyeweerd, a grande falha de todo pensamento filosófico não-cristão. Dooyeweerd chama esse tipo de filosofia de “imanente”, em oposição à filosofia genuinamente cristã que precisa ser, por definição e por necessidade, uma filosofia da transcendência.

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