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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Igreja Ortodoxa

João Crisóstomo é lembrado como um dos grandes heróis da teologia oriental, embora sua contribuição a teologia propriamente dita tenha sido mínima. Por sua pregação corajosa, reformas tanto na igreja quanto no estado e seu martírio, é considerado santo e mestre da igreja. Muitas igrejas ortodoxas orientais têm o seu nome. POR QUE CONTAR SUA HISTÓRIA NUM LIVRO DE HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ? Simplesmente por oferecer um retrato da teologia ortodoxa oriental. Um grande e corajoso pregador, reformador do culto e da vida eclesiástica, guia espiritual e profeta para os poderosos, é considerado o paradigma de um bom teólogo, embora nunca tenha escrito um livro de teologia sistemática nem especulado sobre quantos anjos conseguem dançar na cabeça de um alfinete. Segundo a ortodoxia oriental, o bom teólogo é aquele que ora e prega bem.

(Roger Olson)

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sal e Luz

Embora não haja qualquer promessa de que o Cristianismo voltará a ser reconhecido como uma força influente em nossa sociedade, nossa tarefa é não nos intimidar diante de nossas responsabilidades. Somos chamados para ser o sal da terra, trabalhando contra a corrupção. Somos admoestados a ser humildes, e não sonhadores, imaginando fazer o trabalho de Deus com nossas próprias forças. Ao mesmo tempo é exigido que sejamos retos, que façamos nossas tarefas, que andemos nos caminhos de Deus. Isto significa encarar a realidade que é Sua criação da maneira que Ele o tem feito.


(Hans Rookmaaker. A Arte Não Precisa de Justificativa)

Chore, Ore, Pense e Trabalhe.

 1. CHORAR é enxergar que as coisas precisam mudar, começar a se preocupar com as vítimas e orar por perdão. Muito frequentemente temos sido cúmplices em tudo que tem acontecido...
Chorar nos leva a orar.

2. ORAMOS conscientes de que não podemos mudar as coisas por nós mesmos e que precisamos de ajuda. Nós também oramos para pedir sabedoria, força e perseverança afim de trabalharmos por uma melhor solução...

3. Quando houvermos clamado ao Senhor por ajuda e escutado Suas palavras, nós devemos PENSAR, analisar nossa posição, onde começar e como começar. Eu estou convencido que jamais sairemos dos problemas, da crise, a menos que sejamos capazes de enxergar como fomos tomados pelo espírito do Iluminismo, acreditando no poder da Razão e relegando qualquer crença em Deus para o subjetivo e estritamente pessoal. Deus é bom em salvar almas, mas temos tido a tendência de deixá-Lo de fora de nossas grandes decisões na educação, ciência, política e assim por diante...

...Não há reforma sem renovo teológico, ou antes, um fortalecimento das percepções Bíblicas.

4. E apenas então poderemos AGIR e fazer algo com perseverança. Obviamente então poderemos começar novamente; a sequência possui sua própria lógica; uma não pode começar a menos que a outra tenha sido feita.

Chore, ore, pense e trabalhe.

(Hans Rookmaaker)

Arte - Dedicação

Eu me lembro das palavras de um grande pianista: ‘Se eu não fizer meus exercícios um dia, eu os escutarei no dia seguinte. Se eu não os fizer por dois dias, minha esposa os escutará. Se continuar por três dias, meus melhores amigos irão perceber. Após quatro dias, o público irá perceber.’
Então há aquela encantadora história de Hokusai, o grande pintor Japonês e autor de xilogravuras em meados de 1800. Certa vez alguém pediu por uma pintura de um galo. Ele disse, ‘Tudo bem, volte em uma semana.‘ Quando o homem veio, Hosukai pediu por um adiamento: mais duas semanas. Então novamente, dois meses; então metade de um ano. Após três anos o homem estava tão nervoso que se recusou a esperar mais. Então Hosukai disse que o homem o teria lá mesmo. Ele pegou seu pincel e papel e desenhou um magnífico galo em pouco tempo. O homem estava furioso. ‘Porque você me fez esperar por anos se o podia ter feito em tão pouco tempo?’ - ‘Você não entende,’ disse Hosukai. ‘Venha comigo.’ E então levou o homem ao seu estúdio e mostrou a ele as paredes cobertas com desenhos de galos que ele havia feito durante os últimos três anos. Daquilo veio a maestria. É claro que esta história não significa que podemos deixar as pessoas esperando e que não podemos cumprir nossas promessas.

A lição é que até mesmo a improvisação e as assim chamadas conquistas espontâneas são apenas o resultado do trabalho duro. Nenhum artista jamais poderá chegar ao topo se ele não começar seu dia com ensaios, um pintor pintando por algumas horas, um músico praticando, qualquer pessoa estudando. O gênio não é suficiente.

(Hans Rookmaaker. A Arte Não Precisa de Justificativa)

Escolas de Antioquia e Alexandria

Uma das principais diferenças entre as teologias alexandrina e antioquena girava em torno da hermenêutica (interpretação bíblica). O padrão alexandrino foi estabelecido nos tempos de Cristo por Filo, o teólogo e estudioso bíblico judaico, que acreditava que as referências literais e históricas das Escrituras hebraicas tinham pouca importância. Procurou descobrir e explicar o significado alegórico ou espiritual das narrativas bíblicas. Em outras palavras, muitos trechos da bíblia hebraica pareciam tratar de uma coisa, mas para Filo, tratavam de outra. Como tentava integrar a religião hebraica com a filosofia grega (especialmente a platônica), Filo não podia interpretar conforme à letra boa parte do que lia nos Profetas. Acreditava que, mediante a interpretação alegórica, poderia demonstrar a união subjacente entre o pensamento ético e filosófico grego e a religião hebraica...

Antioquia destacou-se por ter um método hermenêutico mais literal e histórico. Naturalmente, os teólogos e estudiosos bíblicos da Antioquia também reconheciam na alegoria uma maneira legítima de comunicar a verdade, mas procuraram não buscar significados espirituais, alegando que as histórias bíblicas não eram alegorias, a não ser quando havia um bom motivo para sê-lo. Um exemplo notável desse método hermenêutico antioqueno é o grande estudioso Teodoro de Mopsuéstia, que foi o principal comentarista bíblico e teólogo de Antioquia. Teodoro escreveu muitos comentários sobre as Escrituras e sempre evitou a interpretação alegórica, exceto quando evidências claras no próprio texto o dirigissem a ela.

(Roger Olson. História da Teologia Cristã)

Princípio Encarnacionista

Para Jesus era necessário falar no código de linguagem compreensível por seus contemporâneos, ou seja: em que língua eles o entendiam: em vez de expressar-se em hebraico, optou pelo aramaico, pela língua do povão. Em outras palavras: precisamos nos encarnar, não nos promiscuir. Jesus tem que habitar nosso coração não somente pela fé; ele tem que ser cristificado nas várias dimensões de nossa vida.
Um fato que melhor exemplifica essa situação foi o que aconteceu com Dietrich Bonhoeffer em 1931, quando convidado para trabalhar pastoralmente com jovens do subúrbio de Berlim. Ele tinha o compromisso de levar 60 jovens a fazerem confissão de fé. Tentou, pregou, insistiu, sem obter nenhum resultado. De repente lembrou-se do princípio da encarnação.
Resolveu identificar-se com os jovens e sua classe social. Eles moravam num gueto e habitavam a mesma região de solidão social, ao contrário de Bonhoeffer, que morava num bairro bom de Berlim, numa casa de relativo conforto.
Ele decidiu, então, mudar do bairro de classe alta em que vivia para o mesmo gueto dos jovens. Após seis meses, visitando suas casas, compreendendo seus problemas e revoltas e vivenciando o cotidiano de suas famílias, ele levou os 60 jovens - dizem os historiadores - a professarem fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.


(Caio Fábio. A Igreja Que Transforma, p. 54. Sepal II Ed. 1998)


O método dos métodos para levar as pessoas a Cristo é a perspectiva encarnacionista. A encarnação é o método que Deus realizou em Jesus Cristo. A igreja de Jesus Cristo em nosso país não tem levado mais pessoas ao Senhor porque somos uma subcultura dentro dessa cultura - não encarnamos Cristo na realidade brasileira. Somos comunidade divorciada do resto da vida. E ainda utilizamos exemplos medievais: quando dizemos que se conhece um crente pelo modo como ele anda na rua, pelo modo como se veste, por sua autoridade, etc. Com o próprio Jesus de Nazaré foi muito diferente.
Quando quiseram trai-lo tiveram que criar uma senha - o beijo de Judas - porque ele não era óbvio; estava misturado no meio dos seus contemporâneos.


(Caio Fábio. A Igreja Que Transforma, p. 56. Sepal II Ed. 1998)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Uma Pequena Igreja Anarquista

Veja, era uma vez uma pequena igreja anarquista – de fato, bem essa da qual estamos falando – a de Jesus, Paulo e outros cristãos do Novo Testamento. E ela – em sua maneira mais fraca, desorganizada e anárquica (seguindo o padrão do seu apóstolo anarquista) – entrou de maneira trôpega no império, evangelizando punhados de pessoas aqui e ali, deixando-os em pequenos grupos caseiros anarquistas.

Atualmente, comparando com outras igrejas de outras eras, as estatísticas do crescimento dessa igreja não eram de todo más. Porém, depois de algum tempo, alguns planejadores estratégicos vieram e disseram: “gente, esse jeito anárquico de levar a coisa é estúpido. Nunca ganharemos o mundo para Cristo dessa maneira. Pessoas estão nascendo mais rapidamente do que estamos capacitados para convertê-las (o batismo infantil ainda não havia sido inventado); nunca conseguiremos. Temos que começar a pensar grande e deixar de ser tão ardilosos sobre usar um pouco de organização e poder. Precisamos operar com força. O que realmente precisamos fazer é ir para a Arquia – ir para o Grande. Deus quer que sua igreja cresça. E pensem em quanto bem podemos fazer, ao usar o poder das arquias ao invés de fugir dele!” E, adivinhe, isso funcionou! Ele foram até o imperador e o pegaram – e ele trouxe toda a Grande Arquia juntamente com ele. O cristianismo foi proclamado a religião oficial do Império Romano – e o mundo foi ganho para Cristo. Você sabe, temos que sorrir para a Velha Anarquia, pensando que três mil em um dia foi uma bela coisa. Eu não sei quanto tempo demorou para ter a passagem gravada, mas sei que os computadores do Vaticano travaram ao tentar mover nomes da coluna dos PAGÃOS para a coluna dos CRISTÃOS – até que alguém se deu conta de que seria mais fácil mudar os cabeçalhos.


Em uma só tacada tínhamos agora todo um império de cristãos; finalmente em uma posição para fazer um bem real para a humanidade e trazer a verdadeira sociedade justa. Que tal a revolução! A igreja louvava a Deus de quem todas as bênçãos fluíam... e o império puxava tudo. O império havia encontrado o Senhor e se tornou “cristão” sem ter que fazer nenhuma mudança; o cristianismo havia feito toda a mudança. De fato, a conversão poderia ser provavelmente qualificada como uma “justificação forense”: tudo o que ela precisou foi uma palavra de Deus (ou no mínimo de seus representantes oficiais) e agora tínhamos “o SACRO Império Romano”. De muito bom gosto, não acha?


Mas apenas observe o que realmente aconteceu nessa revolução cristã do império. A igreja se tornou a Maior Arquia de Todas, tomando para si de maneira graciosa todo o mal que o império já representou. Ela sacrificou todo o entendimento e apreciação da anarquia dada por Deus em seu afã de fazer o mundo bom e fazer o bem para o mundo. A igreja perdeu a beleza anárquica das igrejas caseiras feitas de seres humanos, para construir catedrais de políticos (lembrem que catedral significa trono de um bispo). Ela perdeu a recusa anarquista ao serviço militar para montar exércitos que carregavam o símbolo da cruz e sob este, conquistavam. Perdeu o Jesus anarquista, cujo reino não era desse mundo, para pintar para si um ícone que precisava de uma explicação antes que se pudesse dizer se era um retrato de Cristo ou do imperador (uma confusão triste, muito triste). Ela perdeu sua “santidade” ao conceder tal título ao império. A troca da anarquia pela arquia cristã foi o defloramento da igreja.

Então, o meu grande medo acerca da revolução cristã de hoje, fora transformar e salvar o mundo para Deus, não é que ela falhe, mas que dê certo. Para mim e para minha casa, me dê anarquia ou deixe-me rir por último – o que pode vir a ser a mesma coisa.